Tem gente estranha do outro
lado do corredor. Gente esquisita. “Tem gente estranha em toda parte”, você diria,
mas não teria o mesmo ânimo para debater se conhecesse a gente de que estou
falando.
Um sujeito chamado Eustácio.
Todo dia, Eustácio, que mora
sozinho, sai para trabalhar às 6 em ponto. Investiguei e comprovei: é assistente
legal – não é palhaço, monitor infantil ou louco de hospício. Uma
aprovaçãozinha besta no OAB e o cara vira advogado. Ele chega em casa às 6 da
tarde. Com alguns balões.
Isso mesmo, balões de gás.
Coloridos e inchados, pairam sobre sua cabeça como sentinelas flutuantes
prontas a estourar na cara da próxima ameaça. Grandes, pequenos, em formato de
coração ou redondinhos: são balões do tipo que seu filho traria de uma festa de
aniversário.
Alguns vizinhos já transformaram em rotina espiar pelo olho mágico o maluco desfilando com seus
balões, chegando ao apartamento, pendurando um deles na maçaneta e entrando
com os outros, para fazer Deus sabe o quê.
Talvez brinque de
estourá-los. Talvez pendure esses também, cada um em uma porta. Talvez solte-os
pela janela. Vai saber.
É, Eustácio... Me parece que
algumas pessoas vivem em suas próprias bolhas de felicidade. Sorte delas.
Gih Delela
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