Não é possível que
eu viva no mesmo mundo que eles. Não é possível que estejamos sob as mesmas
regras. A chance é pequena, ou nula, de que nossos princípios sejam iguais. Minha
alma não é equivalente à deles.
Minha missão é
encontrar os que vivem no meu mundo. Posso pendurar cartazes, pôr nos classificados.
Eu vou encontrá-los. Rebanhá-los como a ovelhas, reuni-los num único lugar.
Podemos viver no nosso próprio mundo. Podemos discorrer sobre nossos assuntos
em voz alta, não mais em pensamento; podemos falar, gritar se quisermos, e
todos a nossa volta entenderão. E gritarão num único fôlego, não as mesmas
palavras, mas os mesmos sentidos.
Podemos formar uma
vila e ser autossuficientes. Podemos plantar nossas teorias e colher nossas
teses. Plantar nossas piadas e colher nosso riso. Plantar nossas dúvidas e não
colher resposta nenhuma, porque no nosso mundo não há certezas.
Podemos beber
nossa alegria e, se não houver, nossas mágoas. Podemos alicerçar nossas casas na
confiança que temos uns nos outros. Podemos dançar todas as noites e cantar
todas as manhãs para acordar os mais indolentes. Os únicos infelizes serão os
diplomatas, que terão que se comunicar com o mundo que não é nosso.
Podemos fincar nossa
bandeira, o limite entre nossa terra e a terra alheia, e nessa bandeira estará
escrito “AQUI VIVEM”, e ponto.
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