30 de setembro de 2014

Coluna da Gih: Meu próprio mundo

    Não é possível que eu viva no mesmo mundo que eles. Não é possível que estejamos sob as mesmas regras. A chance é pequena, ou nula, de que nossos princípios sejam iguais. Minha alma não é equivalente à deles.
    Minha missão é encontrar os que vivem no meu mundo. Posso pendurar cartazes, pôr nos classificados. Eu vou encontrá-los. Rebanhá-los como a ovelhas, reuni-los num único lugar. Podemos viver no nosso próprio mundo. Podemos discorrer sobre nossos assuntos em voz alta, não mais em pensamento; podemos falar, gritar se quisermos, e todos a nossa volta entenderão. E gritarão num único fôlego, não as mesmas palavras, mas os mesmos sentidos.
    Podemos formar uma vila e ser autossuficientes. Podemos plantar nossas teorias e colher nossas teses. Plantar nossas piadas e colher nosso riso. Plantar nossas dúvidas e não colher resposta nenhuma, porque no nosso mundo não há certezas.
    Podemos beber nossa alegria e, se não houver, nossas mágoas. Podemos alicerçar nossas casas na confiança que temos uns nos outros. Podemos dançar todas as noites e cantar todas as manhãs para acordar os mais indolentes. Os únicos infelizes serão os diplomatas, que terão que se comunicar com o mundo que não é nosso.
    Podemos fincar nossa bandeira, o limite entre nossa terra e a terra alheia, e nessa bandeira estará escrito “AQUI VIVEM”, e ponto.

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