11 de setembro de 2014

Coluna da Gih: Festa de Família


   Mais interessante naquela festa, o Vô Nino. E o velho nem falava! Abria a boca e saiam só cicios. Ê, Vô Nino! Sempre com seus cigarros. Olha no que deu...
   De resto, uns melhores que outros. O irmão do Vô Nino, esse se entregou a outra ordem de prazeres; depois da quarta cerveja roncava na cadeira. Suas filhas trigêmeas, magras, loiras e velhas. “Melhor fumar que falar mal dos outros”, e davam uma baforada.
   Uma delas era solteira, a outra mãe, a outra avó. Os filhos de uma brincavam com a neta da outra, de pega-pega, ou pique-pega, ou pique-esconde, ou esconde-esconde.
   Haja pique!
   A que era solteira soltava uns suspiros.
   Os pais das crianças, mais dois ou três primos avulsos, discutiam futebol sem muitas polêmicas, já que torciam todos para o mesmo time. E não muito longe alguns idosos, os anciãos da família, é uma forma de dizê-lo, comiam o bolo de ameixa seca e falavam da vida da Dona Jurandir, do Paulinho, do Luís.
   E havia os conhecidos. Os conhecidos não eram primos. Os conhecidos não eram nem parentes. Eram meia dúzia de gatos-pingados que estavam em todas as ocasiões da família, desde que era possível se lembrar. Os conhecidos compareciam mais que alguns primos. E ninguém sabia bem por que eram convidados.

   Recostado numa parede, caladão, um adolescente. Não saberia dizer neto de quem; eram tantos os idosos... O fato é que ele observava tudo de longe. Tudo e todos. Mantendo distância, dizendo nada. Observava a festa. Caramba... Que festa...

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