Bailarinas
são vistas como frescas, imagem que um grupo delas pode ter ajudado a criar.
Talvez a frescura seja associada ao nariz empinado, e essa fama nós levamos mais
do que qualquer outra. Mas se você parar para pensar, vai notar o equívoco.
Na
maior parte do tempo, bailarina é um bicho nojento... Eu notei isso desde o
início. E ao invés de tentar fugir desse lado menos conhecida da bailarina, eu
o aceitei como parte do processo. Veja só você:
A
bailarina acorda. Tarde. Quando possível, evitamos acordar cedo. O ensaio
começa à uma hora. Ela está atrasada. Faz a sua higiene pessoal, toma café, nem
um nem o outro muito bem. Ela está atrasada.
O
ônibus é bem mais cheio na hora do almoço. Fica de pé, junto com muitas outras
pessoas suadas com aquele calor.
Chega à
academia. No corredor do vestiário já vai tirando os sapatos, para agilizar o
processo. Veste a meia-calça, o collant e a sainha do dia anterior, porque não
deu tempo de pegar outros, mas também porque bailarina não pode gastar
comprando um conjunto para cada dia da semana.
Faz o
coque. Não é gel, é o cabelo oleoso.
Ela
ensaia. Passadas duas horas, pausa para um lanche. E retoma o ensaio, por mais
três horas. O chão não está lá muito limpo, mas ela não percebe quando deita
nele para fazer se alongar.
Acabou
o ensaio. Ela tira as sapatilhas. A bailarina pensa em lavá-las quando chegar
em casa, mas lembra que tem ensaio amanhã, e elas não secariam a tempo. Então
ela se troca, transforma o coque em um rabo de cavalo e vai para o metrô, pois
não pode perder o aniversário da sobrinha.
À noite
em casa, aí sim ela toma o seu banho, mas se lembra de uma sequência que
precisa melhorar, ensaia, e então vai dormir.
E pode
parecer estranho, mas, até hoje, nenhuma bailarina morreu disso.
Gih Delela
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