24 de junho de 2015

Coluna da Gih está de volta!: Bailarina Nojenta



                Bailarinas são vistas como frescas, imagem que um grupo delas pode ter ajudado a criar. Talvez a frescura seja associada ao nariz empinado, e essa fama nós levamos mais do que qualquer outra. Mas se você parar para pensar, vai notar o equívoco.
                Na maior parte do tempo, bailarina é um bicho nojento... Eu notei isso desde o início. E ao invés de tentar fugir desse lado menos conhecida da bailarina, eu o aceitei como parte do processo. Veja só você:
                A bailarina acorda. Tarde. Quando possível, evitamos acordar cedo. O ensaio começa à uma hora. Ela está atrasada. Faz a sua higiene pessoal, toma café, nem um nem o outro muito bem. Ela está atrasada.
                O ônibus é bem mais cheio na hora do almoço. Fica de pé, junto com muitas outras pessoas suadas com aquele calor.
                Chega à academia. No corredor do vestiário já vai tirando os sapatos, para agilizar o processo. Veste a meia-calça, o collant e a sainha do dia anterior, porque não deu tempo de pegar outros, mas também porque bailarina não pode gastar comprando um conjunto para cada dia da semana.
                Faz o coque. Não é gel, é o cabelo oleoso.
                Ela ensaia. Passadas duas horas, pausa para um lanche. E retoma o ensaio, por mais três horas. O chão não está lá muito limpo, mas ela não percebe quando deita nele para fazer se alongar.
                Acabou o ensaio. Ela tira as sapatilhas. A bailarina pensa em lavá-las quando chegar em casa, mas lembra que tem ensaio amanhã, e elas não secariam a tempo. Então ela se troca, transforma o coque em um rabo de cavalo e vai para o metrô, pois não pode perder o aniversário da sobrinha.
                À noite em casa, aí sim ela toma o seu banho, mas se lembra de uma sequência que precisa melhorar, ensaia, e então vai dormir.

                E pode parecer estranho, mas, até hoje, nenhuma bailarina morreu disso.
Gih Delela

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