3 de abril de 2016

Poema de fim de tarde: Azul

Azul

Cada vez que me despeço do sol sentada na areia
traço a ideia de que acaba ali mais um dia único.
A verdade é que todos os dias são únicos,
sem que ninguém se dê conta.
E espero sempre por uma grande mudança
que na verdade acontece continuamente,
sem que ninguém se dê conta.
Por todas as horas que gastei andando sem rumo pelo centro,
no fundo tinha esperança de achar alguma coisa que mudasse tudo.
É que alguma coisa pode mudar tudo para alguém,
mas nunca vai mudar tudo para todo mundo.

O tempo é um bêbado que corre em círculos desgovernado
e acaba esbarrando na gente hora ou outra.
Já desejei eternidade para várias situações
sem a dimensão do que eterno quer dizer - pois nunca saberei -
o tal eterno talvez seja azul, como o mar e o céu.
E talvez as pessoas devessem parar de procurar o eterno,
ele até parece um cara legal pelo que ouço falar,
mas não acho que seja o ideal para ninguém.
As pessoas deviam parar de ter certeza, e começar a ter dúvidas,
talvez as dúvidas sejam vermelhas, a cor oposta ao azul.
Alguém sempre acha uma resposta para todas as perguntas.
Mas as respostas também são vermelhas, pois nem todos as aceitam.
Talvez no fundo tudo seja mais vermelho que azul.
Talvez até o tempo que continua correndo em círculos prefira vermelho.
O azul do mundo deve ser uma representação da eternidade de pontos vermelhos,

que sempre existirão.

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