Numa tarde sem
par você pôs uma flor em meu cabelo e disse que me amava. Viu a dúvida, a
incredulidade nos meus olhos, e perguntou-me se existia alguma razão para ser
diferente.
Essa é muito
fácil, e eu ri quase com desgosto. Não precisa pensar nem duas vezes. Se não
for pela indefinição, pelo quero-não-quero, pelo gosto-não-gosto, será pela
pessoa que teimo em não ser.
Teimo em não ser
aquela que abre as cortinas pela manhã para deixar o sol entrar. Teimo em não
ser aquela que o acorda com um beijo nos lábios, um sorriso e uma frase
quentinha para contrapor a brisa gelada. Teimo em não ser direita, em não ser perfeita
e não ser nem mesmo, algumas vezes, eu mesma. Teimo em não ser certa para você.
Sou o navio,
perdido na tempestade, que teve o caminho iluminado pelo seu farol por mero
acaso. E de repente você acha que quem dá a luz sou eu.
Você piscou os olhos, sem
relevar uma palavra, só acrescentar. Que me pediu uma razão para não me amar. E
não um milhão delas para adorar-me ainda mais.
Gih Delela
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