20 de agosto de 2014

Coluna da Gih: Por que não me amar



     Numa tarde sem par você pôs uma flor em meu cabelo e disse que me amava. Viu a dúvida, a incredulidade nos meus olhos, e perguntou-me se existia alguma razão para ser diferente.
       Essa é muito fácil, e eu ri quase com desgosto. Não precisa pensar nem duas vezes. Se não for pela indefinição, pelo quero-não-quero, pelo gosto-não-gosto, será pela pessoa que teimo em não ser.
       Teimo em não ser aquela que abre as cortinas pela manhã para deixar o sol entrar. Teimo em não ser aquela que o acorda com um beijo nos lábios, um sorriso e uma frase quentinha para contrapor a brisa gelada. Teimo em não ser direita, em não ser perfeita e não ser nem mesmo, algumas vezes, eu mesma. Teimo em não ser certa para você.
       Sou o navio, perdido na tempestade, que teve o caminho iluminado pelo seu farol por mero acaso. E de repente você acha que quem dá a luz sou eu.
       Você piscou os olhos, sem relevar uma palavra, só acrescentar. Que me pediu uma razão para não me amar. E não um milhão delas para adorar-me ainda mais.

Gih Delela

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